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Eu, putanheiro | Lifestyle #67




Não, isso não é pra mim. 


Tive hoje uma "crise existencial da putaria" depois de um atendimento muito estranho, para não falar ruim. Cheguei à conclusão de que eu não sou um "putanheiro" como alguns do Twitter, como alguns que se dizem "divulgadores de GP". Digo isso por alguns motivos. 


Eu não faço o tipo físico que as meninas gostam de atender. Eu não faço o tipo de cliente que as meninas comentam entre si em seus grupos de Whatsapp, falando como adoraram atender, e como dariam até de graça. Não sou o "Jonny Bravo" - alto marombado de rosto quadrado e perna fina rato de academia - que elas adoram. Eu faço mais o tipo que justifica elas chamarem o sexo pago de "trabalho difícil": ter de transar e tentar ser simpática com caras que elas jamais sequer olhariam se não fosse pelo pagamento. Sou tímido, não muito alto, cara de nerd e gordo. Sou mais o tipo "barbudo mestre cervejeiro" do que o marombado da academia. Além disso, sou o "inocente". Não tenho as malicias da putaria.  "Mas você é legal", já me disse uma garota uma vez. Mas infelizmente ser legal não é algo que é levado muito em conta por aqui. Tentar ser simpático e natural é algo que não rola nesse meio. 


Não sei ser mecânico. Pelo menos não no nível que a putaria exige. Nesse meio impera, salvo raríssimas exceções, o "pagou /gozou / vazou". Não consigo ser assim. Não adianta. Não sei representar tanto assim - mesmo sendo ator de teatro. Claro, eu sou muito consciente de que não vou pedir a garota em casamento durante o atendimento. Estou consciente de que essa é uma relação profissional, de trabalho. Mas penso que, mesmo sendo pago, deve haver pelo menos um mínimo de afinidade e empatia entre acompanhante e cliente. Os dois tem que se respeitar e se gostar, pelo menos um pouco. E o consagrado aqui que carrego nas calças corresponde a cada vez que me sinto mal por estar dentro de um quarto representando uma relação mecânica com uma garota que não respeita minha personalidade. Ou seja, "se não tem afinidade, não tem maldade" (trocadilho péssimo do dia). Sem falar nas várias vezes em que criei expectativas demais sobre a garota, e na hora H não era tudo isso - não no sentido de ser bonita, mas da química, da ligação. E aí o que acontece? Saio do motel me sentindo o idiota que gastou dinheiro com um atendimento que seria facilmente substituível por uma punheta no quarto de casa. 


Não tenho tanto dinheiro para esbanjar na putaria como os demais. Não sou do tipo que "te pago R$ 1 mil pra fazer X". Pelo contrário, faço o tipo que precisa calcular com calma e antecedência o valor que vai gastar na putaria. Nem sempre levo presentes para as meninas, pois algumas gostam de ostentar presentes caros, e eu não posso pagar isso. Como elas dizem, "dinheiro na mão, calcinha no chão ". Como muitas vezes a vontade é maior que a verba, acabo sendo tratado como o "ximba", o cara que vive falando que vai agendar, pergunta preços, e no fim nunca agenda. Fiquei sabendo, inclusive, que já ganhei esse apelido de uma moça em um grupo no whats - e isso porque com a garota em questão eu falei apenas uma vez e sequer falei em agendar. Mas a putaria é assim: só faça contato se for para agendar. Fora disso, nem procure. Se possível, nem pergunte o preço. Nenhuma garota de programa procura amigos. Elas querem dinheiro. Se você tem, ela te dá sexo em troca. Se não tem, vaza. 


Digo isso não para me vitimizar nem para gerar piedade com a minha pessoa. Digo isso para organizar minhas ideias. Repensar minhas prioridades. Me organizo melhor quando escrevo. Preciso rever o tempo e os dados do pacote de Internet que gasto nas páginas do Twitter que administro. Gastar meu dinheiro - que é adquirido com muito trabalho - de forma mais inteligente. Investir em coisas que me tragam retorno. 


Enfim, o encontro de hoje, se foi constrangedor como eu não imaginaria que fosse, me serviu para reposicionar algumas áreas da minha vida. Entre elas, o tempo e dinheiro que gasto com putaria.

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